Toda a discussão caminhava contra Jacilton. Desde a primeira palavra da mulher, que não havia sido nada delicada, ele percebera que não ia ter muito o que contra-argumentar. A questão ali não era como ganhar, mas como sair menos ferido ou perder de forma digna, honrosa.
Depois de vinte minutos ouvindo a mulher em silêncio, ele conseguiu ter a palavra.
- Mas, meu amor, deixa eu explicar...
- Explicar o quê? Mas você não percebe que toda vez você faz a mesma coisa? Toda vez você comete este mesmo tipo de atitude?
- Eu percebo.
- Percebe? Então por que faz?
- Digo, eu percebo às vezes... Mas só um tempinho depois, disse ele, com voz calminha. Se um daqueles cachorros que parecem bichos de pelúcia pudessem falar, eles teriam a mesma voz de Jacilton naquele instante.
- E vou te dizer mais! Sabe por que você faz isto? Sabe qual é a razão disto tudo? De todas estas tuas cagadas, Jacilton? Sabe? Sabe?
Se Jacilton fosse um daqueles cachorros com cara de pelúcia, ele teria imitado exatamente igual a carinha do bichinho depois que alguém pisa nele sem querer.
- Porque você é um teimoso! Teimoso! Teimoso como uma besta.
- Opa, péra lá. Como uma besta, não?
- Ah, não?
- Não. Teimoso eu sou mesmo, admito. Mas besta, não?
- Se admite assim, por que continua fazendo as mesmas merdas, Jacilton?
- Besta eu não sou porque já consegui o que mais quis na vida.
- Ah, não me diga, disse ela.
- Sou teimoso mesmo. Quando boto uma coisa na minha cabeça, não tem como tirar. É difícil. Se acho que devo seguir aquele caminho, eu sigo. Vou mesmo, não estou nem aí, respondeu ele. Naquele momento, se Jacilton fosse um pastor alemão daqueles da policial militar, ele teria a cara de um deles em um estádio de futebol cheio, em dia de clássico. E foi graças a esta teimosia que eu me casei com você, completou ele, que não acabou por aí. Foi por acreditar naquilo que eu achava, por achar que você era a mulher da minha vida, por ver o quanto eu te amo e...
E Jacilton não pôde terminar a frase. Com os olhos lacrimejados, Isildinha tratou de pular nele e dar um beijo apaixonado. Se ela fosse um daqueles cachorros que lambem até a orelha do dono quando o dono fica muito tempo fora, o bicho não teria feito melhor.
No final, deitado no sofá, sem calça, cueca, mãe, pai e cachorro, Jacilton suspirava com um só pensamento. “E eu ainda fiz o meu golzinho de honra”
Depois de vinte minutos ouvindo a mulher em silêncio, ele conseguiu ter a palavra.
- Mas, meu amor, deixa eu explicar...
- Explicar o quê? Mas você não percebe que toda vez você faz a mesma coisa? Toda vez você comete este mesmo tipo de atitude?
- Eu percebo.
- Percebe? Então por que faz?
- Digo, eu percebo às vezes... Mas só um tempinho depois, disse ele, com voz calminha. Se um daqueles cachorros que parecem bichos de pelúcia pudessem falar, eles teriam a mesma voz de Jacilton naquele instante.
- E vou te dizer mais! Sabe por que você faz isto? Sabe qual é a razão disto tudo? De todas estas tuas cagadas, Jacilton? Sabe? Sabe?
Se Jacilton fosse um daqueles cachorros com cara de pelúcia, ele teria imitado exatamente igual a carinha do bichinho depois que alguém pisa nele sem querer.
- Porque você é um teimoso! Teimoso! Teimoso como uma besta.
- Opa, péra lá. Como uma besta, não?
- Ah, não?
- Não. Teimoso eu sou mesmo, admito. Mas besta, não?
- Se admite assim, por que continua fazendo as mesmas merdas, Jacilton?
- Besta eu não sou porque já consegui o que mais quis na vida.
- Ah, não me diga, disse ela.
- Sou teimoso mesmo. Quando boto uma coisa na minha cabeça, não tem como tirar. É difícil. Se acho que devo seguir aquele caminho, eu sigo. Vou mesmo, não estou nem aí, respondeu ele. Naquele momento, se Jacilton fosse um pastor alemão daqueles da policial militar, ele teria a cara de um deles em um estádio de futebol cheio, em dia de clássico. E foi graças a esta teimosia que eu me casei com você, completou ele, que não acabou por aí. Foi por acreditar naquilo que eu achava, por achar que você era a mulher da minha vida, por ver o quanto eu te amo e...
E Jacilton não pôde terminar a frase. Com os olhos lacrimejados, Isildinha tratou de pular nele e dar um beijo apaixonado. Se ela fosse um daqueles cachorros que lambem até a orelha do dono quando o dono fica muito tempo fora, o bicho não teria feito melhor.
No final, deitado no sofá, sem calça, cueca, mãe, pai e cachorro, Jacilton suspirava com um só pensamento. “E eu ainda fiz o meu golzinho de honra”
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Adorei!