Olha lá o sujeito com seus 50 anos, óculos na
testa, celular de 1999, que atravancou o corredor e ainda fica no celular
falando parecendo que está gritando com o vizinho do outro lado da rua. Sim,
todos nós já pegamos o número do seu RG, menos o cara que está no telefone com
você.
À direita, em marcha lenta, a tiazinha de seus 60 anos que
só tirou o dia para passear. Botou uma roupinha de fria, aquela mantinha marrom
glacê do armário, arrumou a gola, penteou o cabelo e saiu. É domingo, estamos
em um país livre, ela faz o que bem entender. Olha para todos os lados, menos
para frente. Se bater, bateu, paciência.
Agora, é melhor ficar distante daquela outra mais à frente. Se
não for separada, o marido com certeza deu o tiro certeiro e ficou vendo uma
corrida qualquer pela TV. Está com duas crianças por perto e dá para notar de
longe que estão tocando o puteiro. Ela não consegue controlar o seu veículo,
quanto mais os filhos. Uma vai para um lado, outra vai para o outro e quem
quiser passar por ela que aguarde a vez. Ou que sofra o risco de ser atingido.
E como se tudo não pudesse ficar pior, domingo é dia de?
Empilhadeiras. O que faz uma empilhadeira agora? Claro, porque se de dia de
semana o negócio já é ruim, imagina no domingo.
Pronto. A tiazinha voltou a aparecer na sua frente, mas sem
olhar para frente. Sai logo dela porque ela vai te atingir e fazer a mesma
cara: bateu? Ah, paciência.
Melhor mudar o trajeto. Pronto, agora um senhor que para de
repente, deixa em fila dupla e larga o veículo para ver o que tem do outro
lado. Ops, não, voltou. Foi ver o que tem do outro lado, mas resolver pegar o
carrinho. Isto, assim de bate pronto, é muito melhor. Afinal, uma batida a mais
outra a menos... Quem estiver com pressa que saia antes de casa!
Bom, siga adiante, mas fuja daquela fila. Estão todos ali vendo
aquele bando de carne, sangue... Nem o açougueiro aguenta! A gente realmente gosta
de fila. De segunda a sexta, sábados e domingos.
Quer saber? Já tenho tudo que precisava. Vou para o caixa,
boto meus produtos lá e rumo para casa. De lá não saio até segunda-feira. Mas
rezando para a tiazinha não estar no estacionamento. Porque da próxima vez eu juro que mando minha mulher para o supermercado quando acabar de novo o papel higiênico, a margarina, a pasta dental...
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