Cresceu como o garoto que tinha medo de dizer não.
Comia o que lhe davam. Beijava a tia que não gostava. Via na
TV o que lá deixavam.
No ônibus, metrô, só de chegar perto e ele não sentava no
lugar vago. Não importava se era jovem ou velho.
No trânsito, dava passagem para todos até quando estava na
preferencial. Ouvia buzinada no traseiro. Pedia desculpas e dava novamente passagem.
Cresceu, entrou no mundo corporativo, galgou posições e
virou chefe. Sem nunca dizer não.
Chefe este que continuou sem dizer não ao patrão. Fosse o que
fosse, passava a ordem para os subalternos. O não nunca saía da boca dele.
Teve um funcionário que um dia contrariou, com educação, uma
ordem, que veio de cima. Disse os porquês que não era uma boa ideia. E nunca
mais foi visto naquele endereço comercial.
(*) título inspirado em livro de Ruth Rocha
Comentários