Em uma
viagem aérea só tem um lugar em que você, um simples mortal, tem a chance de ficar no mesmo
pedestal que um cara da primeira classe. Na fila de espera do “onde
porracaraleo foi parar a minha mala”.
É a única
forma de você descobrir que viajou no mesmo voo que Galvão Bueno.
Galvão e
sua mulher estavam lá, reclamando pela falta da mala. No caso deles, algo
realmente inacreditável. Uma mala não havia, até o momento, sido registrada que
fora embarcada.
Com uma calça jeans escura, um sapatênis e camiseta polo, o narrador, sem gritar, sem alterar o tom de voz ou mesmo de abusar do errrrrre, falava e falava e falava de sua
indignação com uma suada moça da companhia aérea. Um outro funcionário engravatado
da cia. estava dando assistência visivelmente com cara de que tinha que ter
estudado para ser outra coisa na vida.
Galvão
falou mais um pouco, deixou sua mulher assinar a papelada e esperou fora da linha de atendimento.
Já eu fui
atendido na sequência e descobri que a última mala chegou por um canto porque a
dita cuja era muito grande. E era mesmo.
Na fila
da alfândega, eu e Galvão passamos reto. No free shop, sim ele também frequenta
os mesmos lugares do que eu, obviamente foi reconhecido. E posou para selfies e
acenou. Como se nada tivesse acontecido.
Neste
momento você lembra do que escreveu uma vez um tal de Verissimo: agradece pelo seu
avião não ter caído senão seu nome só apareceria na lista do: "veja galeria de quem
também morreu no voo do Galvão” e uma foto sua sorrindo retirada do facebook.
Comentários