Quem é bom?

Não existem pessoas ruins. Nunca ouvi alguém dizer que dormiu mal a noite toda porque aprontou algo contra uma terceira pessoa propositalmente.
“Durmo com os anjos, porque sei que não fiz mal a ninguém. Durmo tranqüilo. Sei que quando boto a cabeça no travesseiro, estou de bem, em paz comigo mesmo, que é sempre o mais importante”, é uma das frases mais ouvidas em qualquer boteco.
As pessoas realmente ruins reagem da mesma forma. Até porque a atitude maléfica delas, para elas, não é ruim. No mínimo, elas procuram fazer o bem para elas e, por tabela, para uma pessoa, ao menos, que esteja ao lado dela (seja a mãe, uma prostituta ou a amante). Enfim, a vida não funciona como novela das 8.

- Oi, prazer, eu faço parte do núcleo dos maus.
- Desculpa, não posso falar muito com você porque sou do núcleo dos bonzinhos.
- Então, a partir do momento que você não quer falar comigo, isto faz de você uma pessoa ruim, não? Afinal, você está dando as costas para uma pessoa.
- Não. É que eu não posso me envolver com alguém que seja ruim.
- Mas como você pode ter certeza que eu sou ruim.
- Oras, porque você disse.
- E você acredita em tudo o que as pessoas falam?
- Acredito.
- Então você não faz parte do time dos bonzinhos, mas do núcleo dos inocentes ou trouxas, como quiser.
- Se você está me chamando de trouxa, isto significa que você é ruim, afinal você está me ofendendo!
- Estou ofendendo ou abrindo os seus olhos? Porque se for a segunda hipótese, estou tentando fazer o bem.
- Eu acho que não.
- Se está duvidando tanto, então você não é tão bonzinho assim.
- Sou sim.
- E além de bonzinho, pelo jeito, também é modesto, não?
- Não entendi.
- Falso modesto, trouxa e burro, pelo jeito. E depois eu que sou ruim...