Acaso no bar

Em um bar, três velhos conhecidos conversam:

- Ufa, agora só em 2006!
- Você que é feliz, hein, Noel!
Não posso reclamar muito, é verdade. Eu tenho um mês de trabalho pesado, mas só um. Mas ainda acho a do Gênio da Lâmpada mais amena.
- Amena? Sabe o que é aturar pessoas em dúvida? Todo mundo diz que sabe o que iria pedir se eu surgisse do nada, mas na hora que eu apareço oferecendo os três desejos, são horas e até dias para chegarem a uma conclusão. E não posso nem reclamar, porque todos viram o meu patrão.
- Quem manda você não ter uma data específica?
- Mas o pior dos piores é quando aparece um brasileiro... Sempre exige algo relacionado a futebol e nunca fica satisfeito..
- Putz, para mim é o mesmo. Os que mais reclamam são os torcedores de futebol.
- E não entendo como é que conseguem gastar dois desejos com futebol. O primeiro é sempre ver o time dele ganhar um título. O segundo, é torcer para o rival não ganhar. O último que me pegou no Brasil pediu isso. O terceiro foi ganhar uma eleição. Aconteceu tudo o que quis, mas como ele não pediu direito, viu um terceiro time ser mais campeão que a equipe dele.
- E aí?
- Aí que mandou uma reclamação para Deus.
- E você, Deus, o que fez?
- É, Deus. Você está muito quieto hoje. O que faz quando chegam esses pedidos?
- A primeira coisa que eu aprendi – disse Ele. – É que não misturo trabalho com prazer. A segunda, é que apesar de ter feito o mundo em ligeiros seis dias, não sou louco a ponto de me intrometer em assuntos como política, religião e futebol. Deixo isso por obra do Acaso, que está na mesa ao lado.

(publicado na edição de número 2967 do L!, de 26/12/2005 com o título de “Conto de futebol de fim de ano”)

Comentários

o_argentino disse…
que preguiça, hein? pára de colocar texto do Lance e cria uns novos ae... gostei mais desta do que da do bom velhinho.
abs
db disse…
valeu, argentino. do seu amigo que curte U2...