Até o bom velhinho estressa!

Em uma conversa pela internet:

- E aí, muito trabalho?
- Que pergunta! É justamente nesta época do ano que eu tenho mais trabalho.
- Pelo jeito até o senhor fica estressado, hein?
- Como?
- Nada, esquece. E quais são os principais pedidos das pessoas?
- Bicicletas, dos meninos, bonecas que andam-falam-e-espirram, das meninas, paz no mundo das modelos e títulos de futebol, para os marmanjos.
- Até os marmanjos enviam cartinhas?
- Pois é. A situação está tão crítica que até os adultos estão acreditando na minha existência.
- E qual torcida manda mais bilhetinhos para o senhor?
- É difícil dizer, mas sei que os flamenguistas só querem saber da Taça Guanabara e ver o time não ser rebaixado no Brasileiro. Os corintianos mandam até ameaças se não ganharem a Libertadores. Os palmeirenses pedem para não pegar o São Paulo na Libertadores. Já os vascaínos só pedem para terminar à frente do Flamengo em qualquer competição que disputarem juntos.
- E os são-paulinos?
- Você não vai acreditar, mas até eles mandam. Mas eu parei de dar bola pra eles. Não priorizo nada que venha deles depois de tudo que receberam este ano.
- E fora do futebol, recebe muitos pedidos de outros esportes?
- Recebi um curioso. Nele, a pessoa pedia por um novo Guga e também por um Guga novo. Já um outro quer paz no basquete brasileiro. Mas a maioria pede mesmo um patrocínio meu.
- Patrocínio seu?
- É. Tem uns lutadores que acham que tenho uma área de marketing, mas a gente só faz campanha institucional. Empresto minha imagem sem fins lucrativos.
- E o que mais?
- Ah, tem um monte de atleta que pede para não ter mais lesões no joelho. E recebi até um que botou inclusive estrelinhas e desenhou animaizinhos em volta do papel.
- E o que ele quer?
- Ela não só pede, mas reza para não ter a habilitação cassada.
- Bem, o papo está bom, mas vou deixar o senhor em paz. Mas não sem antes fazer o meu pedido.
- Tava demorando...
- Peço para que no ano que vem o tapetão não interfira em qualquer campeonato, seja de futebol, de basquete...- Pêra lá. Eu sou o Papai Noel, não Deus!

(publicado na edição 2966 do L!, dia 24/12/2005)

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