Pinça

- Querido, o que você está fazendo?
- Hã..., tentou responder Natalino.
- O que é que está acontecendo aí no banheiro?, repetiu Juliana.
- Como assim, meu bem?
- É o que estou pensando?
- Eu já te avisei para não entrar no banheiro quando deixo a porta trancada.
- Mas a porta estava aberta.
- Não, a porta estava fechada, só não havia trancado.
- Mas isto não importa agora. Quero saber o que está fazendo!
- Bem, meu bem, começou a responder Natalino com a pinça na mão e tentando encontrar as palavras certas para que a mulher não achasse que ele estava ficando louco.
- E então, estou esperando a resposta!
- Eu, bem... Eu estava com a pinça na mão...
- Isto eu vi!
- Então, estava tirando uns pêlos que vinham me incomodando faz um tempinho e resolvi tirar.
Nervosa, Juliana nem conseguia mais controlar os olhos, já vermelhos e piscando sem parar.
- Resolvi tirar para que não ficasse ridículo, querida. Só isto.
- Eu não posso acreditar!
- Mas o que é que tem de mais?
Silêncio e choro, dela.
- Juro que é a verdade, nada mais que isto.
- Eu ainda não posso acreditar. Como você pode fazer uma coisa destas. Tem algo mais que você queira falar? Com certeza tem algo mais aí?
- Como assim? Não tem nada a mais nisto.Só estava tirando os pêlos, alguns do braço e outros pequenininhos que ficam no nariz...
- Você está tentando me enganar, não é? Depois de dois anos de casado, agora você mostra a verdade!
- Que verdade? Aliás, exatamente. Estou mostrando a verdade pra você. Estou contando exatamente o que estava fazendo, porra!
- E ainda por cima é grosso!
- Grosso? Você está duvidando de mim e ainda achando que eu virei gay!
- Que gay. Não achei nada disto. É pior que isto!
- Então, você acha que só porque eu estava tirando uns pêlos eu estou com outra?
- Pior!
Silêncio, agora por parte dele, que ficou com a cara de “ué”.
- Posso saber por que é que você não pediu para eu tirar?
- Você estava na cozinha e...
- Deixa eu falar agora! Você vai ouvir!, cortou Juliana.
- Gritando assim, até o vizinho do outro quarteirão vai ouvir...
- Não vem com cinismo. Como você pode tirar estes pêlos sem me consultar. E agora, o que é que eu vou fazer enquanto você fica assistindo àqueles jogos chatos de futebol? E quando formos à praia, você quer que eu faça o quê? Se não gosta que eu faça nem isto, então é melhor terminar tudo! Eu vou pra casa da minha mãe, porque assim não é mais possível. Só falta agora você também abrir o pote de geléia para mostrar que eu dependo totalmente de você.
- Aliás, eu já abri...
E a porta foi batida e Juliana saiu.

Comentários

o_argentino disse…
Já dizia Freud: "O que quer a mulher?" Se bem que aquele porra não é parâmetro, já que era uma puta bicha...
Márcia disse…
Já sabe o chavao: nao hay que entender-las, hay que amar-las....kkkkkkkk

PS."que porre isso de colocar senha nos comentários, Dani. Tira essa merda!"
db disse…
ta estressadinha, hein? vou pensar no seu caso, mas so qdo deixar de ser boca suja....