Maria da Graça caminhava tranqüila por uma das ruas de Pinheiros. Tinha acabado de fazer as compras em um dos últimos mercadinhos que restavam no bairro, ou mesmo na capital. Em sua cabeça, porém, ainda estava a discussão que teve com sua irmã mais nova na noite anterior durante o jogo de buraco: Deus existe?
Aos 78 anos, achava que já tinha passado do tempo desse tipo de coisa. Com toda aquela idade, não tinha mais cabimento entrar em discussões acaloradas sobre qualquer assunto, ainda mais sobre a existência ou não de Deus.
Se Deus existe, por que ele não bota ordem nessa bagunça?, argumentou para a irmã. Se Ele realmente está em todos os lugares, por que não faz com que os políticos desse país sejam presos? Por que ele não dá um jeito nesse trânsito maluco? Mas você nem dirige, Graça, respondeu a irmã. Ah, tá. Então por que ele sempre faz um cara do interior de uma cidade pequena de Goiás ganhar a Mega-Sena acumulada todas as vezes? Por que Ele não aparece, diz que existe e acaba com toda a polêmica que existe sobre Ele? É, por que não aparece e acaba de uma vez por todas com a palhaçada de alguns pastores, rabinos, padres e afins que adoram dizer que estão aqui para passar a mensagem Dele? E por que eu nunca consigo pegar uns curingas para bater logo esse jogo e acabar com essa discussão que está me deixando louca?
Quando dava um tempo no pensamento para conferir se o moço do mercadinho não tinha esquecido de botar todas as compras na sacolinha (“eles adoram esquecer de colocar o queijo ou o suco”, reclamava), Graça tremeu. Quando se deu conta, desabava, do nada, em um buraco aberto no meio da rua, perto da Marginal do Pinheiros, gritando em vão o nome de Deus e lamentando ter roubado o curinga.
Aos 78 anos, achava que já tinha passado do tempo desse tipo de coisa. Com toda aquela idade, não tinha mais cabimento entrar em discussões acaloradas sobre qualquer assunto, ainda mais sobre a existência ou não de Deus.
Se Deus existe, por que ele não bota ordem nessa bagunça?, argumentou para a irmã. Se Ele realmente está em todos os lugares, por que não faz com que os políticos desse país sejam presos? Por que ele não dá um jeito nesse trânsito maluco? Mas você nem dirige, Graça, respondeu a irmã. Ah, tá. Então por que ele sempre faz um cara do interior de uma cidade pequena de Goiás ganhar a Mega-Sena acumulada todas as vezes? Por que Ele não aparece, diz que existe e acaba com toda a polêmica que existe sobre Ele? É, por que não aparece e acaba de uma vez por todas com a palhaçada de alguns pastores, rabinos, padres e afins que adoram dizer que estão aqui para passar a mensagem Dele? E por que eu nunca consigo pegar uns curingas para bater logo esse jogo e acabar com essa discussão que está me deixando louca?
Quando dava um tempo no pensamento para conferir se o moço do mercadinho não tinha esquecido de botar todas as compras na sacolinha (“eles adoram esquecer de colocar o queijo ou o suco”, reclamava), Graça tremeu. Quando se deu conta, desabava, do nada, em um buraco aberto no meio da rua, perto da Marginal do Pinheiros, gritando em vão o nome de Deus e lamentando ter roubado o curinga.
Comentários
E.T: se arrependeu tarde de mais de ter roubado o curinga hein?