Perdendo os nEUROnioS

Felipão deixou a sua marca em Portugal. Após cinco anos, saiu do país sem nenhum título, mas com o moral do português em alta. Na verdade, não foi o moral que cresceu, mas o ufanismo futebolístico, como se a seleção fosse o seu exército. Do restante, Portugal continua sendo praticamente a Portuguesa do futebol mundial. De vez em quando encanta, mas ganhar que é bom, nada.
Nada também é o rebolado do português. Eles gostam das coisas ao pé da letra (leia mais aqui). Claro que não são todos. Muitos têm senso de humor e demonstram quando detectam o primeiro sotaque brasileiro de um turista pela frente. E turista é o que mais tem em Lisboa. A impressão que fica é que em determinados momentos, se sumissem todos os turistas da capital portuguesa, sobrariam apenas os táxis, ônibus e bondinhos. Não aparece português nem na hora de furtar um turista. Ou você acha que é só em país de terceiro mundo tem ladrão? Ladrão, não, trombadões.

Imagina a cena de um brasileiro dizendo que foi furtado dentro do metrô alfacinha (ou lisboeta).
- Ah, tá. Mas para qual país você foi afinal? Paraguai, Bolívia, Quênia, Sudão?
- Não, não, um na Europa.
- Na Europa? Então deve ter sido alguma ex-república soviética. E você ainda entrou em uma ruela qualquer escura, não foi?

Em Lisboa tem ladrão, e ladrão com cara do leste europeu atuando de dia dentro do metrô. Mas pior do que isto é a polícia. Afinal, o turista vai até o departamento de polícia e conta o que aconteceu nos mínimos detalhes, com direito ao local e hora exata. E lembra que tem câmera de vigilância “para deixar você mais seguro”, conforme está escrito na estação. Eis que naquele dia, é feriado em Portugal. E por ser feriado, policial também não trabalha muito bem, obrigado. “Só no dia seguinte”, é a resposta. Eis que se passa mais de uma semana e ninguém da polícia volta a contactá-lo. “Nada como estar em um país onde você se sente em casa, não é mesmo?”, vem a resignação. Mas será que os alemães que estavam na delegacia no mesmo dia fazendo o mesmo tipo de queixa pensavam a mesma coisa?
Estes alemães, entretanto, foram relativamente vingados graças ao seu exército em campos suíços ao derrotar Portugal nas quartas-de-final da Eurocopa-2008 com dois gols com o mesmo tipo de jogada.
- Nós sabíamos do perigo que era este tipo de lance dos alemães, mas aconteceram algumas falhas, disse Felipão, tirando o seu da reta.
“Se sabia, por que não fez nada para impedir?”. Não, esta pergunta não foi feita por ninguém naquele momento ao treinador brasileiro. E Felipão provavelmente nem iria se dar ao trabalho de responder. Só repetiria o discurso contra o juiz, dizendo que o árbitro foi o responsável ao não marcar a falta de Ballack no terceiro gol germânico.
Felipão e um turista deixaram Portugal no mesmo dia e reclamando de que sabiam do risco, mas que o culpado é sempre um terceiro. Um foi para Londres, sem título, com milhões de euros e para trabalhar para um magnata do leste europeu. Outro voltou para o Brasil sem a carteira, a habilitação e muitos euros, mas com boas histórias para contar. E sabe qual a diferença entre história e dinheiro? Só o dinheiro a gente perde.

Comentários

FAFÁ disse…
assim caminha a humanidade,aqui ali acolá, larapio, prostituta e traficante tem em todo lugar.
eba! ops, o eba é para vocês estarem de volta. quero ouvir todas as histórias, bjs
o_argentino disse…
Malditoxxx gatunoxxx... roubar judeu é pedir pra ter praga o resto da vida... o cara já deve estar com lepra e câncer
db disse…
Cara fafa, o mundo é igual, só muda a temperatura
Cara foradacurva, tb estamos felizes e ouvirá cada uma das histórias
Caro o_argentino, nao sou de jogar praga, mas eles podem morrer soterrados que nao estou nem ai...