Merda

Merda tinha sido feita. E como toda merda, ela piorou.

A namorada ficou sabendo. Como? Como era o menor de seus problemas naquele momento. Ele percebeu que tinha que dar um jeito naquilo que havia feito. Voltar atrás era impossível. Mesmo se fosse possível, ele sabia que tinha feito o certo. Ao menos, o certo para ele. Mas ela ficou sabendo. A merda se espalhou no cérebro da namorada.

Atolado na bosta, o negócio não era mais arrumar uma desculpa, mas se desculpar. Só palavras não iriam adiantar. Era preciso mais. Era preciso gestos, presentes, estar presente. Era necessária dedicação.

Ele fez o possível para conseguir retirar a carranca da cara dela. Só não fez o impossível porque quando fez o impossível, deu merda.

O sorriso no rosto da namorada dava sinais de vida. Ainda na UTI, mas já era alguma coisa. Ele tratou de investir mais pesado. Saiu do soro, viu ela dar os primeiros movimentos. Mas ainda faltava mais. E o mais foi feito. Ela voltou a sorrir e aceitou as desculpas.

Foi aí que ele fechou a cara, fechou a porta e tratou de lembrar da própria vida. Voltou a fazer o impossível e deixou a namorada definitivamente para trás. Viu que não ligava em fazer merda, mas que não gostava mesmo era de limpar a merda.

Comentários

Wyllie disse…
Nunca vi uma merda falar de sí própria com tanta propriedade, ao mesmo tempo, que acaba em merda alguma.

A merda cresceu, tomou proporções gigantescas e como um peido, foi embora.

Simplesmente fantástico!
Danibla disse…
A merda foi a merda. Valeu primo